Deputado federal troca juras de amor com novo partido: 'Vim para ficar'
Carolina Freitas

Temer e Chalita: eles acreditam em Antonio Palocci (Tiago Queiroz/AE)
"É preciso ter poesia na política", Gabriel Chalita, deputado federal
Gabriel Chalita, ex-PSB, mal
assinou a ficha de filiaçãoao PMDB e já comprou a versão oficial sobre o salto patrimonial do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT). Logo depois da cerimônia que marcou seu ingresso no novo partido, o deputado federal disse ter ficado satisfeito com as explicações dadas até agora por Palocci. E usou os
mesmos argumentos do vice-presidente da República, Michel Temer – mentor de Chalita no PMDB.
“Palocci deu as explicações necessárias”, decretou o mais novo peemedebista. “Cabe a ele analisar quaisquer outros casos que surgirem na imprensa.” Chalita fazia referência à
reportagem de VEJA desta semana. O apartamento alugado onde a família de Palocci mora, na capital paulista, pertence a uma empresa de fachada, registrada em nome de dois laranjas, de 17 e 23 anos de idade.
Apesar das denúncias, Chalita disse torcer pela reabilitação do ministro. “A minha torcida é que esse governo dê certo. A gente não pode torcer para o Brasil dar errado.” Questionado se apoiava a permanência de Palocci no cargo, esquivou-se. “Palocci é um grande gestor, um homem muito respeitado, que faz um bom trabalho. A permanência ou não dele é uma análise que a presidente Dilma tem de fazer.”
Temer, no papel de vice-presidente, defendeu a manutenção de Palocci no cargo – algo
cada dia mais improvável. “Não sei como se deu essa locação do apartamento, mas creio que Palocci vai esclarecer”, disse. “Eu sou favorável a Palocci. Não tenho nenhuma objeção à permanência dele. Ele presta um grande serviço à administração pública e, portanto, deve continuar.”
Ódio – Ao defender Palocci, Temer cumpre um papel apenas institucional. Em crise com Dilma Rousseff, o PMDB nada fez para evitar, por exemplo, a convocação do ministro para depor no Congresso na semana passada. Aliados têm usado a crise na Casa Civil para chantagear a presidente. Foi assim que a bancada evangélica conseguiu o recolhimento de um material didático contra a homofobia distribuído em escolas públicas.
Como não poderia deixar de ser, o evento de filiação de Chalita emprestou palco para ameaças veladas ao PT. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido
Vacarezza, ainda tentou acalmar os aliados com afagos, mas pouco adiantou. O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, chegou a dizer que o partido precisa preparar um candidato para a eleição presidencial de 2014. “Sem apoio congressual é difícil governar”, observou Michel Temer.
Amor – Enquanto isso, Gabriel Chalita foi apresentado ao público como “o prefeito do coração, o prefeito do amor”. Ele chega ao PMDB com a promessa de disputar as eleições de 2012 como cabeça de chapa. Chalita fez jus à doce alcunha, de autoria do ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB). Em um discurso permeado por citações de Cora Coralina, Guimarães Rosa, Ulisses Guimarães e Franco Montoro, prometeu colocar poesia na política.
“Somos entusiastas, que quer dizer cheios de Deus. Temos alma de poeta e mãos de obreiro”, filosofou em um dos trechos mais aplaudidos de seu discurso para mais de quinhentas pessoas. “Sim, é preciso ter poesia na política. É preciso amor pela cidade, pelo estado e pelo país.” E o amor eterno de Chalita, por essa temporada, é do PMDB: "Vim para ficar."
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