Criticada em encontro com artistas em São Paulo, ministra da Cultura diz ser vítima de fofoca e boato
Publicada em 10/05/2011 às 19h37m
Fábio Fabrini, Adaury Antunes Barbosa e Sérgio Roxo SÃO PAULO - Alvo de denúncias de recebimento irregular de diárias, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, enfrentou uma série de críticas em um encontro com artistas realizado na tarde desta terça-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um dos mais contundentes nos ataques à gestão de Ana de Hollanda foi o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa. A ministra, por sua vez, disse ser vítima de "fofoca" e "boato". No final, saiu sem dar entrevista, escoltada por policiais militares.
BENEFÍCIO: Ministra Ana de Hollanda recebe diárias por fim de semana no Rio
- O ministério trabalha de uma forma muita intensa. Nas notícias que estão sendo veiculadas aí pela imprensa, (têm) muito boato, muita fofoca, muita informação completamente equivocada que não tem o menor fundamento. São fatos que estão querendo criar, mas que não correspondem ao que está acontecendo na realidade. Nosso trabalho está muito positivo - afirmou Ana de Hollanda, em sua primeira fala no encontro.
Quando chegou, a ministra deu uma rápida entrevista e foi questionada se deixará o cargo:
- Claro que não - respondeu.
Ela também destacou que a Controlaria Geral da União (CGU) não a obrigou a devolver o valor recebido pelas diárias nos dias em que estava de folga no Rio.
- Não tem nada ilegal, foi só uma recomendação.
Quando os participantes do encontro começaram a falar a ministra passou a ouvir uma série de ataques ao seu trabalho. Foram criticados o congelamento de verbas para a área, a gestão do Iphan (instituto que cuida do patrimônio histórico) e a atuação do ministério com relação ao Ecad, órgão independente que arrecada e distribui direitos autorais. A presidente da Federação das Cooperativas de Música do Rio, Janine Durand, leu um manifesto endereçado à presidente Dilma Rousseff com afirmações de que a atual ministra tem uma atuação em oposição ao que foi feito pelo antecessor, Juca Ferreira, no governo Lula.
- Frustrando aqueles que viam no simbolismo da nomeação da primeira mulher ministra da Cultura do Brasil a confirmação de uma vitória, essa gestão rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da gestão anterior, mas principalmente o inédito, amplo e produtivo ambiente de debate que havia se estabelecido.
Ao tomar a palavra, a ministra se limitou a dizer que não responderia ao manifesto porque ele era endereçado a Dilma e não a ela.
- Nós queremos que a Ana continue, mas para você continuar não pode ignorar essa carta que acabou de ser lida. Você não pode passar a bola para a presidente Dilma - afirmou o diretor Zé Celso, aplaudido pela plateia.
Para defender a ministra, entraram em ação os deputados estaduais do PT, que estavam presentes. Entre eles, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão.
- Queria trazer para ministra, em nome do Partido dos Trabalhadores, toda a nossa solidariedade - afirmou Falcão
A ministra deixou a Assembleia escoltada por um grupo de policiais militares e não pôde ser questionada sobre o fato de a sua sobrinha, a cantora Bebel Gilberto, ter recebido autorização para captar R$ 1,9 milhão pela Lei Rouanet. Na saída, os PMs empurraram jornalistas e houve confusão.
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